Nos afloramentos costeiros da África Oriental, numa área conhecida como “o chifre”, a Somália assenta como uma sentinela que se projeta tanto no Golfo de Aden como no Oceano Índico.
Embora os somalis tenham aparecido recentemente na imprensa ocidental devido a meia dúzia de casos sensacionais de pirataria, a nação tem uma história longa e distinta, séculos antes da era do colonialismo europeu.
Já em 1400, os somalis travaram guerras fronteiriças com o seu vizinho ocidental, a Etiópia. Mas, tal como acontece com muitas nações africanas, a interferência do Ocidente significou um desastre para a população.
A Somália foi colonizada pelos franceses, pelos italianos e, mais tarde, pelos britânicos, que dividiram o país em territórios separados. Mas ao longo da era da colonização, eles mantiveram a sua língua (somali), a sua cultura, a sua história e o sentido de nacionalidade somali.
Em 2006, como parte da equivocada “Guerra ao Terror” dos EUA, os EUA apoiaram uma invasão e ocupação etíope da Somália, que transformou uma situação má numa situação ainda pior. A ocupação incitou o nacionalismo somali, o que fortaleceu as forças islâmicas radicais, que lideraram a resistência somali contra os etíopes.
Agora chega a notícia de que os etíopes estão correndo para as saídas. Em janeiro de 2009, eles deverão ter desaparecido.
No rescaldo desta ocupação sangrenta e impopular cresceu uma geração de jovens profundamente radicalizada e militarizada que não tem memória viva de escolas, de paz ou de bem-estar comunitário; apenas guerra e conflito.
Quando os EUA apoiam guerras por procuração contra nações de que não gostam, raramente colhem algo melhor do que amargura.
Pois os EUA, sendo um dos países mais ricos do mundo, muitas vezes podem arcar com essas despesas, mas não sabem o momento ou a forma de reembolso.
Há sete anos, os EUA experimentaram uma forma de reembolso quando um ramo do exército mujahadin que forçou os soviéticos a sair do Afeganistão, fortalecendo-se dia a dia em homens, dinheiro e material.
Se o 11 de Setembro nos ensinou alguma coisa, foi que as guerras no estrangeiro podem transformar-se em ataques internos.
Ainda não ouvimos nada sobre a Somália.